terça-feira, 7 de abril de 2009

Spirit de Frank Miller fica devendo a Eisner

Confesso que fiquei desapontado com o Spirit de Frank Miller. Se no papel, com suas espetaculares HQs e Graphic Novels ele é um artista digno do nome, suas incursões atrás das câmeras carecem de uma consistência, de um senso narrativo mais profundo.
Sin City já deixava isso claro. O visual original, o clima noir, os contrastes de cores, camuflavam uma narrativa capenga.
Em 300, nas mãos de um diretor mais tarimbado, já se vê uma articulação mais orgânica dos eventos. Recursos do universo HQ são filtrados pelo instrumental da gramática cinemtaográfica. O resultado é um filme mais orgânico, que flui mais. Havia ali a mão visível do diretor Zack Snyder (de Watchmen)
Daí que a aguardada adaptação de Spirit saiu meio capenga. O clássico de Will Eisner ( lembro agora de uma versão teatral dirigida pelo Edson Bueno nos anos 90, no Guairinha, muito boa aliás) soa infantil, sem vibração, sem alma.
Talvez o elenco não ajude. O ator que faz o Spirit (Gabriel Match) é uma sopa de chuchu: sem sal, sem gosto, sem nada. Claro que o visual noir, os becos ameaçadores, as mulheres estonteantes (Eva Mendes, Scarlet Johansson), o vilão malvado (um Samuel Jackson cômico, que mais parece um palhaço de circo) estão lá, mas não fazem o filme ir para frente. Ao contrário, tentam esconder um roteiro fraco, previsível e pouco inventivo.
Como diretor, Fran Miller (cujo Batman repaginado em cima da obra de Bob kane nos anos 80 eu amo) é melhor criador de HQ e graphic novels.

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